27/02/2023

 



A ideologia já sabe a resposta antes que a pergunta seja feita.

-George Packer



A Arte da Guerra Política

Por Roberto Motta (veja mais em https://robertomotta.substack.com/)


A maioria dos liberais e conservadores enfrenta a mesma dificuldade quando entra na política: eles são, em sua maioria, trabalhadores, chefes de família, empreendedores, executivos, donas de casa e gestores, gente especializada em produzir, criar negócios, cuidar de gente, gerar empregos e resolver problemas, e não em participar de combates ideológicos ou de batalhas políticas – especialmente batalhas contra a esquerda.

“Eleições são decididas com base nas emoções, e não na razão”, diz David Horowitz, um ex-líder da Nova Esquerda americana na década de 60, convertido à causa conservadora, e autor de livros importantes. Entender isso é essencial para quem entra na política armado apenas com boas intenções, sem entendimento algum de como se desenrola a disputa pelo voto (que ainda é o único caminho para o poder em uma sociedade republicana e democrática).

Esse é o caso de muitos de nós.

Horowitz explica:

“Em uma campanha eleitoral, mostrar que você se importa com o eleitor é a questão central. A maior parte dos problemas políticos e de governo são complexos demais para o público. A consequência é que os eleitores não estão interessados nos detalhes das propostas, eles estão interessados nos candidatos. [...] os eleitores querem saber quem se importa com eles”.

Eleições sempre envolvem polarização, e dividem as pessoas em dois campos: nós e eles. Os políticos de esquerda são profissionais nessa prática, enquanto liberais e conservadores são, em geral, amadores, que ainda não entenderam que “apelos à razão são rapidamente soterrados pelo barulho terrível do campo de batalha eleitoral”, como diz Horowitz.

Trata-se de uma guerra.

Políticos liberais e conservadores, em geral, não conseguem responder aos ataques da esquerda porque costumam falar com os eleitores usando uma linguagem abstrata, indireta e sem emoção. Enquanto isso, diz Horowitz, “os apelos da esquerda são emocionais e baseados em inveja, ressentimento e medo”.

É uma guerra política, assimétrica e injusta, para a qual liberais e conservadores estão, em geral, despreparados. “Como se vence uma guerra quando o inimigo usa bazucas e o seu lado está lutando com palitinhos?”, pergunta Horowitz.

A ideia da política como um combate pelo poder ainda é um choque para muitos liberais e conservadores, que esperam que a atividade política se resuma a um debate civilizado, erudito e tranquilo sobre as questões realmente importantes.

Esses debates às vezes acontecem – mas a disputa pelo poder é decidida pelo voto popular, e a maioria das pessoas não tem tempo ou interesse em debates.

Elas formam a sua opinião a partir dos embates.

É para eles que precisamos nos preparar.


Trecho do capítulo A Arte da Guerra Política de David Horowitz, do livro Jogando Para Ganhar: Teoria e Prática da Guerra Política, de Roberto Motta, cuja segunda edição, totalmente revisada, será lançada em breve.

Recomendado: 

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05/11/2022

 



"Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; 

quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; 

quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você;

quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; 

então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada."

(Ayn Rand, escritora e filósofa norte-americana de origem judaico-russa, falecida em 1982)


05/10/2022

 

O fim do teatro das tesouras

(Por Rodrigo Constantino e publicado em 29/09/2022 no Gazeta do Povo)


O governo Bolsonaro tem muitas virtudes, e basta ver o quadro de ministros para perceber, ou então a agenda de reformas. Mas um dos maiores méritos do atual presidente foi escancarar a farsa do teatro das tesouras vigente no Brasil até então.

A máscara dos tucanos e petistas veio abaixo e todos puderam ver a simulação de uma controlada "divergência", que sempre foi mais cosmética do que de essência. O que o sistema podre e carcomido, com seu viés esquerdista e apreço pela corrupção, realmente não suporta de jeito algum é a presença da direita na democracia.

O próprio presidente publicou uma longa thread no Twitter sobre o assunto, e vale reproduzir na íntegra aqui seu conteúdo, pois resume com perfeição o que está em jogo nesta eleição:

'Pela primeira vez na história você está podendo enxergar o que o sistema é capaz de fazer para se manter no controle de tudo, inclusive da sua vida. Hoje, está claro que as "diferenças" do passado não eram nada além de 50 tons de vermelho. Nós desmascaramos todo esse teatro!

'O que explica o repentino rasgar das fantasias depois de tantos anos simulando uma falsa diversidade para que a mesma ideologia de esquerda imperasse por décadas no país é bem simples: DESESPERO! Foi o recurso que restou para tentarem impedir a libertação definitiva do Brasil.

'Eles sabem que mais 4 anos de Jair Bolsonaro mostrará para os brasileiros que a prosperidade sempre foi possível. Que ficaram na lama esse tempo todo porque eram desprezados. É por isso que roubavam o seu dinheiro, porque nunca se importaram em como isso poderia te atingir!

'Aqueles que promoveram o maior esquema de corrupção de nossa história sempre souberam que cada milhão a mais que roubaram para si, era um milhão a menos para atender as demandas e as necessidades do país. O sofrimento do povo sempre foi uma escolha consciente dessas pessoas!

'Prova disso é que as estatais que antes eram saqueadas e davam prejuízos à nação, hoje dão lucros recordes que auxiliam no pagamento de programas de transferência de renda bem maiores. Sempre foi uma questão de escolha: nós escolhemos transformar o país, eles escolheram roubar.

'Faziam isso porque achavam que jamais surgiria alguém com independência, coragem e disposição para livrar o povo desse inferno. Alguém que não desistiria do país nem depois de uma tentativa de assassinato, da maior crise sanitária do século e de uma guerra com impactos globais.

'Como surgiu, agora apelam para uma suposta causa maior: defender a democracia. Mas como podem defender algo que se fundamenta justamente no que eles sempre desprezaram, que é o povo? É porque não é defesa da democracia, mas do sistema que construíram para se perpetuar no poder.

'Eles perceberam que não são invencíveis como pensavam. Perceberam que nem todos se deixam seduzir por suas promessas falsas ou se curvam às suas chantagens. Eles não se uniram contra mim porque ameaço a democracia. Eles se uniram porque ameaço os seus esquemas e interesses!

'E é um erro pensar que o alvo principal é Jair Bolsonaro. O sistema se uniu contra cada brasileiro que defende a família, a liberdade de expressão, o combate ao aborto e às drogas, a propriedade privada, o livre mercado e tudo aquilo que por em xeque a ilusão do socialismo.

'Mas quem pensa que conseguirá tirar o povo novamente das decisões nacionais e retomar as velhas práticas que condenaram o país à miséria, não conhece a sua força. Se eles estão unidos para defender a si próprios, estamos ainda mais unidos com o povo para defender seus valores!

'Quem insiste em falsas memórias do passado ainda não entendeu que vivemos numa nova era. Aqueles que desprezam o povo e seus valores que se acostumem com a falta de sossego. Deus não me deu uma nova vida em 06/09/2018 para ser um gestor, mas para mudar de vez o nosso Brasil!"

Somente por esse prisma dá para compreender o ato constrangedor de Joaquim Barbosa, relator do mensalão, de declarar voto no comandante do esquema de corrupção que julgou e condenou. O mesmo vale para Celso de Mello, que chamou a tropa liderada por Lula de "quadrilha", mas debandou para o lado do quadrilheiro.

Os tucanos estão todos pulando no colo do petista, para comprovar que o destino de todo tucano é descer do muro sempre do lado esquerdo. Para os tucanos, Lula é "centro moderado", enquanto Bolsonaro é radical. Lula, no fundo, é corrupto e bajulador dos piores tiranos do planeta, um socialista que grava vídeo pedindo voto para Maduro, defende Ortega na Nicarágua, que persegue cristãos, e idolatra o assassino Fidel Castro. Esse é o "moderado de centro" para derrotar o "radical" de direita...

Devemos essa fundamental lição pedagógica ao atual presidente. Sua postura firme ao não se dobrar ao sistema vermelho fez com que todos os vermelhinhos fossem obrigados a sair de suas tocas confortáveis para assumir publicamente que apoiam um ladrão comunista. O teatro das tesouras chegou ao fim. Ninguém mais acredita que tucanos oferecem oposição real a petistas, que os dois representam divergências ideológicas profundas, ou que seu embate significa uma disputa entre direita e esquerda.

Eis o que Bolsonaro fez pelo Brasil, entre outras várias coisas boas: demonstrou que, até aqui, vivíamos numa hegemonia esquerdista que montou um sistema corrupto para se perpetuar no poder e impedir a participação popular e dos conservadores. Neste domingo o povo brasileiro poderá rechaçar esse projeto podre, dando mais quatro anos para a limpeza em curso.

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01/08/2022

 

O Silêncio e o Anestesista
É preciso saber ouvir o silêncio. No caso do médico anestesista, preso após abusar de uma paciente na mesa de parto, o silêncio relevante é o da esquerda.
Em um país embrutecido por uma criminalidade onipresente, violenta e rotineira, o crime do médico desbravou fronteiras de repugnância e depravação.
As manifestações de repúdio foram quase universais.
Quase.
É preciso prestar atenção àqueles que se calaram. E preciso ouvir o silêncio ensurdecedor dos políticos de esquerda e das ONGs de “direitos humanos”.
Como explico no meu livro A Construção da Maldade, o sistema de justiça criminal do Brasil vem sendo destruído há mais de 40 anos. Esse é um projeto político e ideológico. Entre as forças que trabalham para a criação permanente de mais benefícios para os criminosos, e para o enfraquecimento das punições, está um consórcio do mal, formado pela extrema-esquerda, pelo narcotráfico e por organizações de apoio a bandidos, infiltradas em todas as instituições do Estado e da sociedade.  
Esse “consórcio” movimenta fortunas.
Para entender a destruição causada por essa turma, pense nisso: o Brasil é o país onde o estuprador tem direito à “visita íntima” na prisão.
Para entender o abismo em que jogaram o Brasil, é preciso saber disso: de acordo com os juristas, o anestesista estuprador será condenado a, no máximo, 20 anos de prisão (se for enquadrado no artigo 217-A do código penal, parágrafo primeiro, parte final, por estupro de vulnerável). Como, no Brasil, todos os criminosos têm direito à “progressão de regime”, esse criminoso provavelmente “progredirá” para o regime semiaberto antes que se passem 10 anos.
Durante o tempo em que estiver preso, o estuprador terá direito à longa lista de benefícios gozados por criminosos no Brasil como “saidinhas”, remição de pena por leitura, “auxílio reclusão” (um pagamento mensal maior que um salário-mínimo) e a inacreditável “visita íntima”: o criminoso sexual terá direito a fazer sexo na prisão às custas do contribuinte.
Um país que trata assim um criminoso sexual não tem qualquer interesse em proteger suas vítimas.
Graças ao empenho da esquerda, o Estado brasileiro não representa mais uma ameaça crível para os criminosos.
O que está por trás disso - e por trás da atuação incessante e bem-sucedida do consórcio do mal - é a lavagem cerebral à qual todos os brasileiros são submetidos desde a infância: a combinação de populismo, extremismo de esquerda e deficiência moral que promove a tese de que o criminoso é um pobre coitado, que não teve oportunidades e é vítima de preconceito.
Foi exatamente isso que o candidato do Partido dos Trabalhadores à Presidência da República disse, diante das câmeras de TV, em um comício em Diadema, há uma semana.
Essa filosofia - a de que o criminoso não merece punição, mas apenas acolhimento e “ressocialização” - é defendida por 11 em cada 10 políticos de esquerda. Os mesmos que, agora, se calam, quando deveriam explicar como se “ressocializa” um médico que abusa de uma mulher na mesa de parto.
É essa bandidolatria – que colide frontalmente não só com os sentimentos dos brasileiros, mas também com nossa experiência diária - que guia a produção legislativa e a atuação de grande parte das instituições do sistema de justiça criminal.
Daqui a duas semanas a mídia terá avançado para outras pautas e o crime do anestesista terá sido esquecido por todos.
Exceto pelas vítimas.
Para essas sobrou uma sentença perpétua: enquanto viverem, em cada aniversário de seus filhos, será reavivada a memória do crime depravado.
Em poucos anos esse médico-monstro estará de volta às ruas, livre para fazer o que quiser, provavelmente até usufruindo de uma celebridade macabra que lhe renderá retorno financeiro.
Essa é a regra no Brasil.
Essa é uma conquista da esquerda.
Por isso se calam agora.

Roberto Motta
"A melhor prevenção é a punição"
-Procurador de Justiça Marcelo Rocha Monteiro @MarceloRochaMon https://t.co/QBMSzMdFCS
Publicado/divulgado no Boletim Oficial de Roberto Motta - Edição Nº44 - 

12/07/2021

 


Quiz do STF: o recado de 73 mil brasileiros 


Promovido pela Gazeta do Povo (um dos melhores jornais do país; vale cada centavo) o Quiz do STF chegou ao fim.  

Mais de 73 mil pessoas avaliaram individualmente os ministros do Supremo Tribunal Federal. Um número impressionante de brasileiros que dedicaram seu tempo para mandar um recado não apenas ao Judiciário, mas aos Três Poderes.

Apesar de a média da nota dos ministros variar, todos foram reprovados. A menor nota foi do ministro Gilmar Mendes, com 0,2. A maior de Kassio Nunes, com 3,5, seguido por Luiz Fux (2). Confira a nota final do Supremo e a avaliação de cada um dos magistrados:

A avaliação serve como “termômetro” de aprovação, algo fundamental e que reflete o valor da democracia, a única forma de governo que permite aos seus cidadãos desenvolver ao máximo as suas potencialidades e liberdades, e que faz parte de  nossas convicções.  

A Gazeta do Povo tem uma cobertura diferenciada no STF, feita por uma equipe de correspondentes em Brasília. 

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Ativismo judicial

Ministros do STF são retrato acabado da (in) justiça que se pratica no Brasil

Por J.R. Guzzo

01/07/2021 (publicado no Gazeta do Povo)

"A empreiteira de obras públicas Odebrecht, uma das que mais roubou no governo Lula — é a empresa que revelou ao mundo o “amigo do amigo do meu pai” — assinou um notável acordo com a Justiça brasileira, através do qual confessa a prática de crimes de corrupção, promete devolver ao erário público uma parte do que roubou e, em troca desse seu misto de colaboração-delação-confissão, recebe do Estado um tratamento mais suave na punição dos seus delitos.

Ninguém forçou a Odebrecht a fazer nada. Foi o seu próprio presidente, com a assistência plena de toda uma equipe milionária de advogados, quem concordou em fazer “delação premiada” a respeito dos crimes cometidos na esfera de atuação da empresa — especialmente na ladroagem monumental da Petrobras lulista.

Também foi a construtora, por sua livre e espontânea vontade, que devolveu R$ 8,6 bilhões aos cofres públicos. Em função do acordo, o presidente Marcelo Odebrecht foi solto da cadeia em dezembro de 2017, após dois anos e meio de xadrez em Curitiba.

Qual é a dúvida em relação a isso tudo? Existe no mundo alguém que aceita devolver R$ 8,6 bi de dinheiro roubado — mais de 2 bilhões e meio de dólares, pela cotação da época — se não roubou nada? Há alguém que invente crimes para delatar a si mesmo? Não há nada de errado com nenhuma dessas coisas. Ao contrário, trata-se de um momento histórico: foi feita justiça neste Brasil onde sempre reinou, durante séculos, a impunidade para os ricos e poderosos.

Não, não há mesmo nada de errado — salvo para o ministro Ricardo Lewandovski, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em compensação, para ele, está tudo absolutamente errado. O ministro acha que esse exemplo de justiça é tão ruim, mas tão ruim, que tem de ser anulado da primeira à última letra. Isso mesmo: nada do que a Odebrecht confessou, delatou e pagou vale mais coisíssima nenhuma. Só está faltando dizer, agora, que o pagador de impostos tem de devolver à empresa os bilhões que ela pagou para fechar o seu acordo.

Não se trata de nenhum surto de loucura — ou, mais precisamente, é loucura com muito método. Lewandovski quer, acima de qualquer outra coisa na vida, eliminar até o último fiapo qualquer culpa que existe contra Lula — condenado, como se sabe, em terceira e última instância, por nove juízes diferentes, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Atuando em conjunto, e em perfeita harmonia, com os ministros Gilmar Mendes e Edson Fachin, Lewandowski opera na equipe de advogados que trabalham em tempo integral para Lula no mais alto Tribunal de Justiça do Brasil. Deixaram de lado, há anos, a função de juízes, pagos pelo público para prover justiça; seu trabalho, com o pleno apoio dos demais colegas de STF, é servir aos interesses processuais, políticos e eleitorais do ex-presidente.

Lewandovski, Mendes, Fachin e os demais decidiram não apenas anular todas as ações penais contra Lula, mas apontar como único culpado por tudo o juiz Sergio Moro — e, agora, declarar inválidas todas as provas reunidas contra ele, para que nunca mais possam ser utilizadas em qualquer processo que se tente fazer para retomar os que foram anulados. Mesmo provas como a confissão de Marcelo Odebrecht? Sim, mesmo provas como a confissão de Marcelo Odebrecht.

Lewandovski, Mendes, Fachin e etc são o retrato acabado do tipo de justiça que se pratica no Brasil de hoje — dentro das “instituições”, da pregação diária da “democracia” e dos alertas diários sobre a “ditadura” que virá se Lula perder a eleição de 2022."

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27/06/2021

 

O mestre J R Guzzo, em mais um artigo antológico publicado no Gazeta do Povo

(um jornal que vale a pena assinar e ler)


Parlamentares unidos

Leis de “incentivo à ladroagem” passam fácil pelo Congresso no Brasil de hoje

Por J.R. Guzzo

24/06/2021 19:11

Câmara dos Deputados aprovou com facilidade mudanças na Lei de Improbidade Administrativa, que tornam mais difícil o combate à corrupção no país.

"Imagine um pouco como a sua vida estaria sendo desconfortável se 25% de todos os seus colegas de trabalho — um em cada quatro, ou seja, gente que não acaba mais — ou de seus familiares, ou de seus amigos, ou de seus vizinhos, tivessem problemas com a justiça penal. Ficaria difícil para qualquer um, não é mesmo? Mas é isso, exatamente isso, o que acontece com o Senado Federal. Nada menos do que 21 senadores num total de 81, segundo um levantamento recente do jornal “O Estado de S. Paulo”, estão enrolados com o Código Penal Brasileiro. Mais que isso, só na penitenciária.

É pior do que se pensa. Os colegas, familiares, etc, etc, sempre correm algum risco de se complicarem com a Justiça — pelo menos isso. Os senadores processados por atividades criminosas não correm o menor perigo de serem incomodados por ninguém; todos eles contam com a incomparável proteção das “imunidades parlamentares” para fugir da lei. Um senador, inclusive, já está condenado por crime de peculato; um outro, o recordista, responde a dezessete (17) ações penais diferentes, a começar por fraude na coleta de lixo. Vivem na mais completa paz dos justos.

Os senadores esfregam na sua cara, além disso, um detalhe especialmente insultuoso: é você quem paga, com os impostos que lhe arrancam todas as vezes que acende a luz de casa ou põe gasolina no tanque, cada tostão que eles consomem. Só de despesas pessoais — salários, benefícios, funcionários de seus gabinetes, plano médico cinco estrelas, pelo resto da vida e incluindo a família toda — cada um lhe custa cerca de R$ 7 milhões ao ano. Qual o executivo de multinacional que vale essa barbaridade?

Ao todo, são R$ 600 milhões de janeiro a janeiro — e isso não incluiu o grosso das despesas, que vão dos milhares de funcionários a alucinações como a gráfica do Senado, e que no total beiram os R$ 5 bilhões por ano. O Congresso Nacional, ao todo, está custando para lá de R$ 11 bilhões.

São essas as figuras que vão apreciar — e aprovar — a nova “Lei da Improbidade” que veio da Câmara. Os deputados, cuja situação do ponto de vista criminal não é muito diferente, já fizeram a sua parte, é claro: o texto que aprovaram torna o combate à corrupção ainda mais difícil do que é agora. Pois é. Com a lei do jeito que está já é praticamente impossível condenar um deputado ou senador a uma multa de 2 reais.

Mas a politicalha não está satisfeita. Quer tolerância zero com qualquer tentativa de objeção à roubalheira — e é isso o que vai conseguir com a nova lei. Por que não? As quatro ações penais contra Lula foram extintas pelo Supremo Tribunal Federal sem que os ministros examinassem uma única prova; para completar o serviço, o STF declarou que o culpado é o juiz Sergio Moro.

Do extremo PT ao extremo governo, sem exceção, a esquerda, a direita e o centro votaram a favor da nova Lei da Impunidade. Nada se aprova com tanta facilidade e tanto entusiasmo, no Brasil de hoje, quanto leis de incentivo à ladroagem. Senadores, deputados e o resto do mundo político só têm a ganhar."

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